SARAU NO GARRINCHA (último de 2011)

      Gurupá e poemas do vento. É na garupa do vento que o poema vem montado. O cavaleiro Júlio César, prata da casa, vai apear pra um bate-papo amigo, brindando-nos com a poesia deste seu primeiro livro.
         Para quem não sabe, o autor começou por coser palavras e delas fez bons versos. Deu pra coser versos, e os poemas foram se conformando. Aos poucos, feito céu estrelado, feito lombo de boi malhado, foi tecendo uma trajetória de vida que não se envergonha de ser. Por isso mesmo, tomando partido, Júlio César desdenha hoje dos homens e suas estatísticas. Por isso mesmo, armado de poesia, ele pode dizer aos homens do dinheiro e negócios arruinados: bem feito!
          Para quem, como nós, já teve o prazer do contato com seu trabalho sabe que esse poeta, ateu, tem crença verdadeira na brincadeira séria do jogo das palavras. Que ele crê mesmo é na sinceridade da amizade que repele cifrões.
         Neste seu primeiro trabalho, teremos de tudo um pouco: da labuta do passarinho contra a vida petrificada na grande cidade à Nona e seus recortes do passado na Itália distante. Da peleja constante contra os vingativos e tenebrosos homens de Deus, cujo amor deixa o próximo padecer nas calçadas até a poesia solidária à Palestina agredida pela mão inimiga, sionista e iankee. Mas ele não pára por aí, por isso seus versos sabem rir da monótona monogamia, coisa que um dia o poeta chegou a acreditar. Que fosse só isso e já nos daríamos por satisfeitos por uma amizade assim, mas ele exige mais de si mesmo e lança seu canto poético como profissão de fé na luta contra toda desigualdade social. Daí uma antiga e necessária mania de abrir caminho à força, levando com ele uma certa foice e um certo martelo...
Do de comer e do de beber
        Mas não pense você que só a alma com beiços lambuzados de poesia irá se fartar nessa noite de gente descompromissada com horas patronais, pois a morada da alma também terá seu alimento: um delicioso caldo verde. Agreguemos a isso um bocadinho de bebes. Porque nem só de caldo, pão e poesia viverão o homem e a mulher emancipados.
Espaço Cultural Mané Garrincha
Quando?  Sábado, 17 de dezembro de 2011, às 18h.
Endereço: Rua Silveira Martins, 131, sala 11 – metrô – Sé, centro de SP.

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