A proposta deste texto é, sem considerar uma abordagem linear ou descritiva, tocar em alguns aspectos referentes à vida da artista Violeta Parra; contar um pouco dessa companheira que em tempos de colonialismo em América Latina, seguiu vivendo e conhecendo aquela realidade inquietante.
Nascida
em 04 de Outubro de 1917, no sul do Chile, “Violeta de Mayo”, nome dado ao
vinil do ano de 1942 e ao seu grupo artístico, canta a linguagem do povo e de
sua cultura.
En la Carpa de la Reina, junto a los "Choclos", músicos bolivianos. 1965 |
Sua
investigação se inicia em 1953. Sai em busca do resgate da cultura campesina em
um Chile que se moderniza. O resultado desta pesquisa é a compilação de 3.000
canções em vinil intitulado “Cantos Folclóricos Chilenos” de 1959, a montagem
da peça teatral “La celebración de la minga” e uma produção musical voltada a
este campo.
Neste
inicio de década, ano de 1954, aconteceram também suas primeiras apresentações
em rádio com o programa “Canta Violeta Parra”. Ela diz: “encuentro folklore en todas las
partes... hasta en la Plaza de armas. Los ancianos me orientan; donde veo una
cabeza blanca me siento y empiezo a preguntar”.
Assim,
o resgate da cultura de raiz influencia em suas composições. Compõe músicas
retratando a realidade social do Chile. Suas apresentações acontecem,
sobretudo, em bares e espaços culturais, dentre eles La Peña de Los Parra e La
Carpa de La Reina na periferia do Chile e La Peña Naira em La Paz/Bolívia onde
canta campo e metrópole, a partir do que o povo pedia - tangos, cuecas, toadas,
boleros, rancheras. Da mesma forma, em suas viagens à Europa, buscou bairros
latinos para suas apresentações com seu violão de 25 cordas, o cuatro e o
charango, instrumentos venezuelano e boliviano/peruano respectivamente.
Em
suas composições Violeta expressa o amor, a vida, as injustiças.
“¡Qué vamos a hacer con tantos y tantos
predicadores! Unos se valen de libros, otros de bellas razones; algunos
de cuentos varios milagros y apariciones, los otros de la presencia de
esqueletos y escorpiones, mamita mía! los escorpiones!”
Em outra estrofe dedicada à astronauta
Valentina Terescova evoca: “¡Qué vamos a hacer con tanto tratado del alto
cielo! Ayúdame Valentina, ya que tú volaste lejos. Dime de una vez por todas
que arriba no hay tal mansión: mañana la ha de fundar el hombre con su razón... Ayúdame
Valentina”.
Ato politico de la revista "El Siglo". 1948. |
Sofre por amor; corta os pulsos, amaldiçoa
os ceus, “maldigo del alto cielo, la estrella con su reflejo, maldigo los
azulejos, detellos del arroyuelo” […] “maldigo el fuego del horno porque mi
alma está de luto. Maldigo los estatutos del tiempo con sus bochornos. Cuánto
será mi dor.”[…]Maldigo lo perfumoso, porque mi anhelo está muerto…” Suicida.
O
lirismo também se faz presente na composição “Gracias A La Vida”:
“Quero brotar na consciência do homem novo que luta por sua
manhã, e proclamar seu tempo azul[...] graças à vida que me deu tanto. Deu-me a
marcha de meus pés cansados, e com eles ando cidades, praias e desertos,
montanhas e planícies...”
Foto de Quecuo Larraín. 1958. |
Desde o
folclore mais genuíno fez dançar o povo e somou sua voz ao chamado de
integração do continente no tema “Los pueblos americanos: Mi vida, los pueblos americanos, mi vida, se sienten acongojados, mi
vida, porque los gobernadores, mi vida, los tienen tan separados, mi vida, los
pueblos americanos. Cuándo será ese cuándo, señor fiscal, que la América sea
sólo un pilar. Cuándo será ese cuándo, señor fiscal. Sólo un pilar
ay sí, y una bandera; que terminen los ruidos en las fronteras. Por un puñado de tierra no quiero guerra”.
Por conseguinte, sua arte contribuiu para dar identidade
àquele mesmo povo que em meio às mudanças traziam suas memórias. Segundo
palavras de Eduardo Martinez Bonatti, Violeta Parra “ es la única que puede
pintar uma nueva crucifixión, es la única que nos da um mundo de concepciones
donde los mitos, la magia, el reencuentro del ser humano, están planteados[...]
E
continua: “Yo no veo lana en sus tejidos; como no veo óleo – pigmento con
aceite-en sus pinturas. Veo el mundo total que Violeta entrega.”
Coletivo de Gênero Violeta Parra
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