A regra do politicamente correto é clara, deve-se gritar ‘má senhora’ em
vez do grito de outrora. Senão não dá na Globo!
Eis a morte do futebol. Esporte que um dia foi jogo da elite, branca e
racista brasileira para, dia outro, a contragosto dessa gente, ganhar contorno
negro-indígena e se tornar arte. Arte que está morrendo, vitimada pela
especulação imobiliária que põe fim aos improvisados campinhos com seus
terrenos acidentados e onde tanto menino pobre aprendeu a dominar a pelota e se
tornar futuro craque. Quem disser o contrário é porque não tem visto jogador
‘profissional’ errar passes a poucos metros de seu companheiro de equipe. Quem disser
o contrário é porque não percebeu que a substituição de estádio por arena
implica em fim da ‘geral’ com seus ingressos baratos e a consequente palidez de
uma torcida que ali irá, não tanto por apreciar o espetáculo futebolístico, mas
porque ela mesma se considera parte do espetáculo: o midiático! Quem disser o
contrário é porque ainda não deu conta de que o povo está construindo a arena
para ficar de fora dela, não sem antes, morrer ou ser reprimido ao protestar,
como tem acontecido nos canteiros de obras daquela que já dá sinais de ser a
ex-pátria de chuteiras. Quem disser o contrário é porque ignora que
continuamos a ter espírito colonial e, como tal, produzir a mercadoria
(jogador) e exportar para a metrópole européia. Quem disser o contrário é
porque desdenha do fato do menino brasileiro (muitos rotulados de hiperativos),
sem os tais campinhos, preferir o jogo eletrônico em detrimento duma boa
pelada. Mas, e a mãe do juiz, Arnaldo? Xingá-la, isso pode?
Bobagem é achar que o coro em uníssono que costuma ecoar em todos os
campos de futebol tenha algo com a genitora do juiz. Da mesma forma que se
desconhece o time de coração do senhor juiz, ignora-se também quem seja sua
mãe. Se ela foi boa esposa ou grande puta, pouco importa. Ali, a birra do
torcedor é com a regra. Porque regra implica em lei. Lei implica em castrar a
liberdade. Sem liberdade não há arte. Sem arte, não há futebol ou, quando
muito, futebol para inglês ver.
O coro de filho da puta dirigido ao juiz corresponde ao mesmo chute na
bunda que o vagabundo Carlitos tantas vezes deu no guarda. Ali não era o homem
que se chutava, mas a lei. Lei essa feita para calar descontentes.
Descontentes, ouriçados pela vida afora e que agora tem outro coro: COPA PARA
QUEM? E enquanto a resposta não vem, eles vão gritando por aí. Uns com
máscaras, outros sem, mas sempre com rebeldia companheira. A disposição dessa
gente os faz brigar, os faz brincar. E será pela seriedade da brincadeira que
parte dessa gente irá se encontrar para um ‘rachão’ nesse domingo, 15/12/2013,
com a I Copa Rebelde (http://coparebelde.wordpress.com/). Convocados, não ficamos indiferentes. Para lá rumamos.
Dezembro de 2013,
E.C. MANÉ GARRINCHA
Nenhum comentário:
Postar um comentário