Com os olhos no mundo das coisas, endurecemos
o olhar e nem damos pelos produtores das mesmas. Coisas que mergulham o mundo
numa imensa coleção de mercadorias.
Esse mundo nós o fazemos. Esse mundo nós não o dirigimos. Dirige-o a
propriedade. Dela, o sangue não estancado. Para ela pouco importa se arroz,
arte, Bíblia ou canhão retornará em forma de lucro. Mas..., e os produtores?
Há 150 anos pessoas de fibra viram que sob a
ordem burguesa o homem pode se deslumbrar com a coisa produzida, mas que ele
mesmo se torna coisa ao vender sua força de trabalho. E pior: coisa descartada
(feito o celular de nossos dias, logo esquecido numa gaveta de armário. Feito
nosso semelhante a perambular por praças e ruas do planeta, invisível ao olho
cidadão). Mas..., e os produtores?
Surgida em Londres em 1864, a Associação
Internacional dos Trabalhadores (A. I. T.), ou I Internacional, como entraria
para a história, por sua diversidade, foi uma experiência única do movimento
operário moderno. Para suas fileiras acorreriam milhares de almas.
Representantes do sindicalismo inglês, do mutualismo francês e do centralismo
marxista entre outros, uniram-se para dar resposta aos ataques patronais.
Resposta teórica na medida em que concebia um mundo solidário e
internacionalista contra a mesquinharia do indivíduo fragmentado, nacional e
burguês. Resposta prática na medida em que concebia o embate como uma ação
política coletiva ao exigir que o Estado reconhecesse sua existência de classe.
Exemplo positivo dessa empreitada foi a obrigatoriedade da redução da jornada
de trabalho de 16 para 10 horas diárias na Inglaterra da época, acompanhada
pelo socorro dos fundos de greve criados para dar sustentação ao movimento
grevista. Mas foi também o momento em que a burguesia teve que revelar sua cara
mais carrancuda, como no caso francês, ao buscar seus laços internacionais para
esmagar a Comuna de Paris (1871), executando mais de 30 mil operários e
exilando outros tantos para salvaguardar sua propriedade com o apoio da
burguesia alemã e seu espírito prussiano. Mas..., e os produtores?
Hoje, passados 150 anos de sua fundação, a
riqueza de tal iniciativa não pode cair no esquecimento, pois o contrário da
união dos trabalhadores em todo o mundo para a abolição das classes sociais é o sectarismo. Junto dele, a
xenofobia que se inscreve em fronteiras, onde cada trabalhador vê no outro (especialmente
o estrangeiro), apenas o seu concorrente direto. Para o outro ele grita bem
alto: sai pra lá que esse patrão é meu! Para
esse grito estaremos em alerta. Mas sempre abriremos nossos ouvidos para aquela
antiga canção, forjada a ferro e a fogo, que nos encaminha para uma Terra sem amos, A INTERNACIONAL.
Espaço Cultural Mané Garrincha,
Dezembro de 2014.
Atividade:
A I Internacional – com leitura de seu Estatuto.
Data e
local: 06/12/2014, às 15h.
Endereço:
Rua Silveira Martins, 131 – sala 11- Metrô - Sé – centro de São Paulo.
Realização:
Espaço Cultural Mané Garrincha. Contatos: espacogarrincha.blogspot.com
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