IMPEDIR O IMPEDIMENTO

Mas o que quer a tal oposição de demônios, tucanos e outros bichos golpistas mais? Proibir o ciclismo do qual eles sempre foram parte? Ora, tenha dó! Pedaladas nunca mataram a ninguém. O que mata são as más pedaladas não fiscalizadas por um povo organizado. Pedaladas que dessangra o país ao verter rios de dinheiro para empresários e justificá-las através de ninharias atiradas aos famintos da terra. Mas não nos iludamos. Não é por isso que querem impedir nossa ciclista de chegar à reta final. Pelo contrário, seu governo, um misto de mimos a banqueiros e empresários do agronegócio, não agrada a canalhada porque tem uma pedra no meio do caminho. Pedra burocrática tornada parlamentar e que o partido não pode prescindir. Burocracia oriunda de sindicalistas e movimentos sociais a rifar direitos trabalhistas em nome da responsabilidade. Burocracia que vende a alma ao diabo! Que digam o contrário. Que neguem os juros exorbitantes e a correspondente dívida interna que esse servilismo gera. Que contestem a afirmativa da secular exportação de matérias-primas ancorada hoje na política de favorecimentos ao agronegócio em detrimento de indígenas e camponeses pobres. Que façam vistas grossas frente à criminalização em curso derivada da lei antiterrorismo que atingirá todo aquele que luta. Essas e outras questões tão candentes, apesar de tudo, ainda não é o suficiente para os abutres golpistas. Esses apreciadores de caviar, esses amigos do almoço exigem agora a renúncia presidencial no chá da tarde. E por quê?

Porque é preciso tirar a pedra do caminho. Flexibilizar as leis trabalhistas e cortar os direitos dos trabalhadores. Radicalizar na política de uma saúde vista como mercadoria. Tornar lei a educação como um negócio e não direito universal. Enfim, é preciso liquidar os direitos básicos e proclamá-los como sendo da ordem privada e não da pública. Nessa lógica, quem não puder pagar que fique deitado eternamente na vala comum dos despossuídos. É isso o que está em jogo!

Mas se isso está em jogo, não denota daí nossa carta branca a atual mandatária. Pelo contrário, somos contra seu impedimento porque entendemos que somente o povo a partir de suas demandas tem o legítimo direito de pô-la para correr. Fazer coro com a escória social e atacá-la, quando seu defeito maior é almejar fazer parte dessa mesma corja, não nos apetece. E é neste sentido que nos somamos às ruas para golpear juntos (ainda que marchemos em separados na história), com todo aquele que diz não ao impedimento. Mas aqui não paramos. Queremos ir adiante. Pegamos o gosto pelas ruas e das ruas não sairemos, pois elas estarão cada vez mais tomadas por tambores e poetas a desdizer a batida dissonante das panelas da gente bem alimentada. Nosso ritmo é outro e vai se fazendo ouvir pela periferia deste país. País Brasil. Pau-brasil. Pau de tinta. Tinta vermelha. Vermelho de sangue indígena, negro e outros povos que aqui se estabeleceram, se amaram e se fizeram. Orgulhosos, não em grunhir o “sou brasileiro com muito orgulho” com a cabeça em Miami, mas o de conformar um país a partir de seus próprios produtores de pão, vinho e sonhos. Porque esse povo faminto sabe bailar. Sabe sonhar. Senhores, cuidado! Quando a mão desse povo rude, mas verdadeiro, bater sobre a mesa de vossas comilanças, coxinhas vão se espatifar por todo canto. Nesse dia, talvez os senhores queiram carona de certa ciclista, mas aí poderá ser tarde demais.



Às ruas camaradas! Às ruas!



17/04/2016 - Espaço Cultural Mané Garrincha

Nenhum comentário:

Postar um comentário