NOSSOS BÁRBAROS - REAIS E VIRTUAIS

Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus”
Albert Einstein
Tímida e recatada, a Primeira Dama não acordou naquela manhã. Teve a cabeça decepada. Foi um acidente pavoroso...
Vigiados pelo olho privado, sob autorização do poder público (que não consultou seu público!), desalmados se acotovelam num espaço feito para um terço do contingente enclausurado. Ali, a barbárie queimou corpos, cortou cabeças, fez troféu de coração alheio e se viralizou até o último dos aconchegos do bom cidadão. Este, temor que não teme, curtiu e compartilhou:
Que cortem mais cabeças! Que cortem mais cabeças! E a barbárie se pôs a sorrir.
Faceira, serpenteou por todo o corpo do Ministro da Justiça até beijar-lhe a boca. Este tentou acalmar os mais aflitos:
A situação está sob controle! A rebelião se manteve nas dependências dos presídios! A rebelião não foi para as ruas! As ruas são brasileiras! As ruas são nossas, disse o ex-advogado de uma das facções em litígio. Os presídios estão sob outra jurisdição, teria acrescentado ao final.
            - Intervenção Militar! Intervenção Militar! Grita agora até o mais tímido dos Coxinhas sem saber que os guardiões da Pátria têm mais o que fazer. Como recentemente fez o Comando da Marinha ao se preparar para a guerra do fim do mundo, comprando com dinheiro público e preços superfaturados milhares de litros de aguardentes. E a barbárie se pôs a sorrir.
Generosa, ofereceu vida melhor para depois da miserável vida. Tudo a preços módicos, dez por cento pagos hoje para um Paraíso depois.
Culta, sacramentou o verbo To Be e negligenciou demais disciplinas. Aulas de humanas para quê, povo de boa índole?
Moderna, atacou caducos direitos trabalhistas ao sobrepor o negociado ao legislado e disse zombeteira: eis a ponte do país que vai pra frente!
Por fim, um pouco cansada, mas não menos sedenta, sentou-se na Cadeira Presidencial para depois de quatro dias dizer: foi um acidente pavoroso. E a barbárie se pôs a sorrir...


08/01/2017,
João Evangelista

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