Dica de filme - EM TODA PARTE




Numa reunião da Mossad, serviço secreto israelense, discute-se quem mais contribuiu para a perseguição desenfreada aos judeus no mundo: seria a 1ª Intifada? Isabel, a Católica? Hitler? Não. Jesus teria sido este elemento, pois, desde que fora acusado de condenar seu filho rebelde à cruz, o povo judeu nunca mais teve sossego. Para remediar essa situação um revisionismo histórico entra em ação, transportando numa máquina do tempo o melhor agente de Israel para eliminar o menino sagrado ainda no berço. Missão abortada, não por piedade do agente, mas pela tentação causada por uma mulher, a mesma que um ano antes havia cativado o Espírito Santo. Loucamente apaixonado, o agente volta para os nossos dias sem se desvencilhar do culto a Maria.

Assim como o clichê acima para justificar o preconceito contra judeus no decorrer da história, outros são trazidos pelo diretor Yvan Atall no filme Em toda parte. Ora, seria puro oportunismo daquele povo querer o “monopólio do sofrimento” para si, por isso outros seguimentos despertam para lutar por seus direitos numa França que viu sua Torre Eiffel transformada numa Torre de Babel com ruivos, loiros, albinos, caolhos e cegos buscando seu espaço social. E não faltarão sequer os portadores do mal de Alzheimer a exigir “um dia pela memória de sua memória perdida”. Reivindicações que contarão com judeus, afinal, eles estão em toda parte, como atesta o desabafo de uma ex-esposa: “eu me casei com o único judeu que não tem dinheiro”. Exceção que confirmaria a regra, uma vez que os judeus são ricos e se ajudam mutuamente.

Porém, se os judeus estão unidos para conspirar contra os não judeus, a solução historicamente fracassada de eliminá-los deveria ser descartada. Em contrapartida, um referendo proposto por um deputado de extrema-direita, antissemita que se descobriu semita após a morte da avó, daria esmagadora vitória a um “sim” que converteu toda a nação francesa em judia. Festa interrompida seis meses depois com um míssil a riscar o céu parisiense. Sim, o preconceito continuaria, o que vai de encontro às lamentações do judeu paranoico, e não ortodoxo, Yvan (personagem homônima do diretor) ao concluir: “Carregamos uma cruz. Nós somos os cristãos”. E suas palavras finais encerram o filme aceitando fazer o papel de muçulmano numa peça, pois sabe que o muçulmano sofre preconceitos do próprio discriminado povo judeu. O muçulmano que é seu irmão.

Maio de 2020,
Prof. Carlos



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