"Um sarau para Souzalopes"
poesia cadela dialética
palavra que fala silêncio
fala que cala cética etc
(Souzalopes)
Poeta de todo fogo. Poeta
do fogo. Brasa braseiro brasil. Pau & pelo. Porta-seio. Amor o
corpo e sempre e sempre o corpo. Amor é cego e louco. Pé de fala. Pede
fala. Fala e falo. Fede o falo. Fode a fala. Fode e fala. Poesia: fala que fode
o falo. Explode e fala. Feto focinhando o futuro. Osso da palavra carne. Nervo
da palavra fosso. Cipoada de aroeira. Rato roendo a pele da terra. Gargalhada
de boca banguela. Uivo de cão sem dono. Pó de poeta. Pode poeta. Pó de poeta se
reagrupando. Em versos. Para sempre. O poeta de fogo nem viu que o mundo ia
acabar, mas se a terra tem fome, que coma já! Carcoma tudo carcoma. Nós
dizemos até sempre.
capa do livro Todo Fogo |
Morreu o poeta Souzalopes. Em
seus cinquenta e alguns anos, o poeta publicou os livros Pau & Pelo e Todo
Fogo. Participou dos grupos Pindaíba e Cacimba. Com os cacoreanos, do Grupo
Cultural Cacoré, organizou um seminário de poesia contra a privatização do alfabeto;
contra a globanalização do capital, a boa poesia, da Grécia antiga até os nos
nossos dias. Souzalopes também escreveu para a Revista Brasil Revolucionário,
onde publicou o Manifesto do Partido Comunista em cordel, todinho em sextilhas
de sete sílabas com rimas nos versos 2, 4 e 6, que é como manda a sabedoria
popular:
O mundo inteiro
se assombra
Com o tal do comunismo.
O papa e os poderes
Querem fazer exorcismo:
Dizem que é coisa do cão
Querer o socialismo
Com o tal do comunismo.
O papa e os poderes
Querem fazer exorcismo:
Dizem que é coisa do cão
Querer o socialismo
desenhos de Marciano Lírio de Souza Lopes. |
Souzalopes, ou Souza (que é como
costumamos lhe chamar), também escreveu para o jornal do Espaço Cultural Mané
Garrincha. E participou sempre que pode das nossas atividades. Poeta de pernas
e palavras tortas, de cortes e sacadas secas, para ele todo fogo e todo
carinho, para ele nosso sarau de junho. Convidamos todos a comparecer com suas
fomes, versos, canções e instrumentos musicais. Um sarau para rimar política
com poesia com revolta e com cachaça. Uma orgia de poesia.
Será sábado, 16.06.2012, às 18h, no Espaço Cultural Mané Garrincha Rua Silveira Martins, 131, sala 11, Sé, São Paulo/SP
Obs.: O Espaço Cultural Mané
Garrincha pretende organizar e publicar os materiais do Souzalopes, quem puder
e quiser contribuir basta enviar textos e poemas que poeta deixou pelos zines,
livros, revistas e blogues desse mundão. Pode nos entregar no Sarau, ou outra
atividade, ou enviar por e-mail para ecmg.blog@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário