USP, São Remo e o Muro da Vergonha

- Para o Reitor e seus sócios, uma gente que fez da educação um bom negócio. Negócio assegurado pelas armas da lei. -



Buraco no muro da USP.
Foto de Leonardo Sakamoto.
Senhores de cérebros amanteigados, temos algo a vos dizer: esse muro vai cair!

De fato, não lamentamos a sorte dos senhores, de vossos carros, assim como de vossas privacidades. Há carros demais por essa cidade. O espaço público do conhecimento não pode continuar a operar como espaço particular de cabeças ocas, como as que os senhores, orgulhosamente, ostentam e que insistem em perpetuar em vossas crias. Vossos dias estão contados!

Sabe-se, desde tempos idos, que os dois lados de um muro expressam coisas distintas: do lado de dentro, o medo, do lado de fora, a curiosidade. A curiosidade tem alma alpinista. O medo agiganta-se. O muro revela seus limites...

Ora, Roma caiu junto com seus muros e seus medos. Berlim Oriental, que pegou emprestado dos senhores o mais frio dos monstros[i], o Estado, ruiu também. Por que só os senhores e vosso amo, os EUA, bem como seus amigos sionistas, insistem em cultivar muros?        Vejamos o que se passa com o muro protetor de ricaços estadunidenses frente a um México vilipendiado e saqueado pelas ingerências históricas dos yankees em seus domínios, senão a cultura do medo e da morte como negócios.

Tudo bem é certo que estamos de acordo com os senhores quanto ao solo estadunidense abrigar muitos chicanos, como costumam grunhir vossas bocas midiáticas. Mas, os senhores já não nos acompanham quando afirmamos, sem papas na língua, que só a mão de obra barata latino-americana e a droga que adentra aquelas terras é que poderão continuar a embalar o sonho americano. E mais, se lá há superlotação de mexicanos, no México há superlotação de fuzis provenientes dos EUA. Drogas e armas, para alegria capitalista, desconhecem a seriedade dos muros. Muros que hoje os detratores do rei Davi covardemente constroem, não por temer ao gigante Golias, mas por pavor às pedradas de crianças palestinas. Senhores, até quando vossos medos continuarão a murar este planetinha tão maltratado por vossas ganâncias?

Já no caso da USP a história é bem outra. Primeiro os senhores se precaveram construindo seu apartheid do saber, pomposamente chamado de vestibular, um funil excluidor de pobre em espaço público. Não contentes, muraram a universidade e cultivaram a indiferença aos pobres ao redor dessa instituição. Senhores, não há mais vacas para tossir! Esse muro vai cair! E cairá por uma simples questão: as RODAS da História já não podem continuar a girar para trás. A ocupação abriu a brecha necessária no muro de vossas vergonhas. ESSE MURO VAI CAIR!



São Paulo de Piratininga, novembro de 2011
Espaço Cultural Mané Garrincha


[i] Palavras de um certo Frederico.

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