Sarau Cultura Popular





A Cultura Popular Brasileira é o resultado do cruzamento dos valores europeus com os valores negros e indígenas, que o europeu não pode apagar. Pois dessa mistura ainda sobrevive a resistência dos que não se dobraram e construíram quilombos, recuaram para florestas e, com sacis e curupiras, zumbis e dandaras, assustaram o homem bronco. Este recorreu ao halloween, que ao invés de plantar abóbora, plantou etanol, que por não existir mais a mata atlântica, vem desmatando desde o goianzeiro ao pantanal, onde construíram seu Planalto Central. Impotente, temendo cantigas entoadas em berços dos novos quilombos e Canudos, surgidos de norte a sul do país, foi buscar ajuda exterior para apoiar seu novo Capitão do Mato. Chamou o Capitão América e o Homem Aranha, o Super-Homem e o Homem de Ferro, o Tio Sam e o Tio Patinhas. De nada adiantou. O povo miscigenado pulou cerca de coronéis. Pulou catracas proibitivas da vida, em seu ir e vir. As ruas pipocaram de pessoas, certas de que a lei que as ata pela resistência se desata.


Como parte da luta vigente e memória presente, o Espaço Cultural Mané Garrincha realizará o sarau da resistência com cantigas populares, cantadas e declamadas, saudando os zumbis e conselheiros, kaiowás e virgulinos de ontem e de hoje, sinônimos eternos de novos Palmares e Canudos contra a quadrilha dominante que outros pajeús, unidos ao Abade e aos tantos joões, matogrossos e jocas,um dia saberão derrubar. Nossa festa julina saudará Julião, filho de Caldeirão, de água quente no lombo de seu doutor, mas não esquecerá o milho para o estômago vazio do filho de Januário que um dia pegou o fole no armário escondido do pai. Que trouxe na Cartola seu Cavaquinho para cantar tristezas e alegrias da alma daqueles que navegaram rios de sangue e que a revolta do Almirante Negro, a mão branca da Chibata, fez parar.



Julho de 2013,

Espaço Cultural Mané Garrincha

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